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O coronavírus é um vírus encapsulado, bastante sensível ao contato com detergentes, como o sabãoImagem: Getty Images
Lavar as mãos com água e sabão
A principal — simples, porém bastante eficiente — é lavar as
mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegar em casa ou antes de
manipular alimentos. O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos
para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados — de acordo com
Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de virologia, o tempo para
se cantar dois "Parabéns a você".
Essa é uma orientação básica para evitar uma série de
doenças e é eficiente especificamente contra o coronavírus porque ele é um
vírus envelopado.
Isso significa que, além da estrutura que recobre o genoma
do vírus, o chamado capsídeo, ele tem um envelope, uma bicamada lipídica onde
ficam as proteínas que vão fazer a interação com as membranas das nossas
células para nos infectar.
O envelope pode dar a ideia que esse vírus é mais forte, mas
é justamente o contrário. "A camada do envelope, por conter gordura, é
muito sensível a solventes, sabão, à dessecação (extrema secura), à falta de
umidade no ambiente", afirma Fernando Spilki, presidente da Sociedade
Brasileira de Virologia.
Manter o ambiente limpo
Se estiver em um ambiente público, por exemplo, ou com
grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes
lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via
aérea, mas também pelo contato.
Ainda não se sabe quanto tempo o coronavírus sobrevive fora
do corpo, mas o vírus da influenza, por exemplo, pode resistir por até 24 horas
em superfícies mais porosas, como a madeira, explica a médica Rosana Richtmann,
do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
É por isso que também é importante manter o ambiente limpo,
ela diz — higienizar com soluções desinfetantes as superfícies da casa, móveis
e o telefone celular, por exemplo.
Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou
menos metade de água e metade de álcool, além de usar um pano limpo. Medidas
como essas valem mais até do que usar máscara, dependendo da situação. A
infectologista Rosana Richtmann ressalta que os brasileiros, ao contrário dos
asiáticos, não têm uma cultura de usar máscaras de proteção — muitas vezes, nem
sabem colocá-las adequadamente.
"É capaz de se transformar em uma falsa sensação de
segurança", diz ela.
Isso porque seria preciso trocar a máscara com uma certa
frequência — quando ela ficar úmida, por exemplo —, encaixá-la bem nas orelhas,
entre outros cuidados.
No caso do coronavírus, as máscaras mais tradicionais não
funcionam, afirma o médico Fernando Spilki, porque seu tamanho permite que ele
atravesse o material.
Por isso, em ambientes hospitalares os profissionais de
saúde têm usado máscaras com filtro de ar ou feitas de materiais com poros
menores que a partícula viral.
Proliferação rápida, letalidade menor.
Outra recomendação é, se possível, evitar aglomerações e
manter distância de pessoas com sintomas de gripe. A responsabilidade é maior
ainda para quem está gripado: ao espirar ou tossir, cubra a boca e o nariz e
jogue o lenço fora logo em seguida.
Como esse é um vírus novo, as pessoas não têm imunidade
contra ele, o que faz com que o contágio seja mais rápido.
O número de novos casos tem crescido rapidamente, acreditam
os cientistas, também porque o coronavírus pode ser transmitido antes mesmo de
os sintomas aparecerem, durante o período de incubação.
Apesar de ter uma capacidade de proliferação maior que a de
outros vírus da mesma família, como os que provocaram os surtos da Síndrome
Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) em 2002 ou da Síndrome
Respiratória do Oriente Médio (Mers) em 2012, a letalidade desse coronavírus
parece ser menor, segundo os dados disponíveis até agora.
De acordo com as informações mais recentes divulgadas pela
Organização Mundial de Saúde, cerca de 2% dos infectados morreram. O índice de
letalidade da Sars era de 9,5%, e da Mers, 35%.
Parte das pessoas que morreram de coronavírus até agora
tinha algum tipo de doença prévia — diabetes, doenças cardíacas ou pulmonares.
Muitos eram mais velhos.
A médica Rosana Richtmann lembra que o fato de pessoas de
mais idade ou com alguma outra doença prévia apresentarem quadros mais graves é
relativamente comum entre os chamados vírus respiratórios.
Ainda não se sabe bem, no entanto, como é o ciclo do
coronavírus no corpo e como nosso sistema imunológico responde a ele.
Por isso, também é
importante manter o sistema imunológico fortalecido.
Como o corpo reage a 'invasores'.
No caso de outros vírus, a resposta do organismo se dá
principalmente em duas frentes: a da imunidade celular e a da imunidade
humoral.
A imunidade celular se manifesta, por exemplo, através dos
linfócitos, um tipo de leucócito produzido pela nossa medula e que tem, entre
outras funções, a de reconhecer as células infectadas e destruí-las.
Nesse processo, não só o vírus é destruído, mas também a
célula que ele infecta. No processo, parte dos leucócitos também acaba
morrendo.
Os leucócitos são os glóbulos brancos, é o
"exército" que tenta expulsar os patógenos — vírus, bactérias e
fungos — do nosso corpo.
Eles aparecem, por exemplo, no hemograma: se a concentração
no sangue estiver muito maior que os valores de referência pode ser um indício
de infecção. Se estão muito baixos, podem ser indicativo de que nosso sistema
imunológico está enfraquecido.
Já imunidade humoral se manifesta através dos nossos
anticorpos, as imunoglobulinas, que atuam de forma parecida e podem, por
exemplo, impedir que os patógenos entrem nas células.
Pra manter a imunidade, não há muito segredo: dormir a
quantidade de horas certas para a sua idade, alimentar-se bem, manter-se
hidratado, fazer exercícios físicos regularmente e tentar reduzir o estresse.
(Texto publicado originalmente em 31/01/2020 no Portal da Uol, e atualizado
após a confirmação do primeiro teste positivo para coronavírus no Brasil, em
26/02/2020.)
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